Pacientes renais podem ficar sem assistência na Bahia

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Pacientes renais podem ficar sem assistência na Bahia

Estima-se que existam entre 8 e 10 mil pacientes renais no estado 

Crédito: Divulgação
De acordo com a Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), estima-se que existam entre 8 e 10 mil pacientes renais na Bahia, e todos eles correm o risco de terem tratamentos pelo SUS interrompidos.

A crise financeira vivida pelas clínicas de tratamento renal de todo o País, pela falta de reajuste no repasse do SUS, teve início muito antes da aprovação do piso dos enfermeiros e da pandemia, mas esses últimos acontecimentos tornaram a situação mais crítica. Por essa razão, a ABCDT tem realizado uma mobilização nacional que segue até o dia 25 de agosto, o Dia D da Diálise, na tentativa de sensibilizar governantes e a sociedade quanto à situação.

"Há uma política constante de desvalorização da tabela SUS, que afeta justamente a camada mais carente da população e que depende exclusivamente do SUS. Para se ter uma ideia, entre os anos de 2000 e 2022, a inflação oficial foi de 290%, enquanto o reajuste foi de 133%. Mas, não é puramente perda de receita, e sim a perda da capacidade de investimento das clínicas privadas, hoje responsáveis por 80% dos tratamentos renais via SUS, em insumos e equipamentos modernos que garantem uma diálise segura e eficiente. Isso tem levado ao sucateamento dos serviços e a situação vivida pelas clínicas", explica o vice-presidente Regional da Bahia da ABCDT, Maurício Cerqueira.

Sem um reajuste rápido o risco de que muitas clínicas deixem de atender pacientes através do SUS é uma realidade. O impacto financeiro que a PEC dos enfermeiros vai trazer - caso esse valor não entre na tabela do SUS - vai impossibilitar que as clínicas continuem atendendo esses pacientes, sem falar dos altos preços dos insumos e equipamentos, comprados em dólar, afirma Maurício Cerqueira. "Esse piso salarial é mais do que merecido, mas não há como as clínicas custearem esses salários, e irá levar ao colapso de todos os serviços de nefrologia da Bahia e do Brasil. É o mesmo que escolher entre pagar funcionário ou fornecedor. Não podemos dialisar sem o profissional, mas também não podemos dialisar sem o equipamento", pontua.

Presidente da Associação de Defesa dos Pacientes Crônicos Renais do Estado da Bahia (Renal Bahia), além de paciente renal transplantado, José Vasconcelos explica que existem inúmeras formas de tentar melhorar a situação crítica do setor e o Dia D da Diálise vem justamente para trazer essas ideias à tona. "Uma delas é a redução ou isenção do ICMS dos insumos usados nas hemodiálises. Se é possível fazer isso pela Petrobrás, deveria ser possível fazer quando o assunto é a saúde e vida das pessoas. A anistia da água, que gera altos custos, também seria uma boa medida para compatibilizar o pagamento da folha dos enfermeiros, assim como, é claro, um reajuste realista por parte dos repasses do SUS", lista ele.

Cofinanciamento

Outra opção é o cofinanciamento junto aos estados. Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina já aderiram à proposta, enquanto a Bahia, Brasília e Pernambuco estão em vias de seguir o mesmo caminho. "No Rio de Janeiro, por exemplo, eles dão R$ 700 por paciente ao mês. Não cobre o valor, mas já ajuda bastante enquanto o reajuste não chega. E esse reajuste precisa ser, acima de tudo, realista. Hoje o repasse é de R$ 218 por paciente, quando é preciso, no mínimo, R$ 303. Se tivermos que absorver também o piso salarial dos enfermeiros, esse valor sobe para cerca de R$ 371", explica Bruno Haddad, CEO da DaVita, uma das maiores redes de clínicas de diálise do país. 

 

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Sexta, 17 Mai 2024

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