Bruno Henrique desafia MP e nega manipulação no Flamengo
Denúncia vem às vésperas do Mundial e expõe desgaste ético
O atacante Bruno Henrique, um dos nomes mais experientes do atual elenco do Flamengo, foi formalmente denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios por fraude esportiva e estelionato. O ponto central da acusação remonta a novembro de 2023, quando, segundo o MPDFT, o jogador teria forçado um cartão amarelo durante partida contra o Santos, com conhecimento prévio do irmão, que apostou no evento. Além disso, surgiram indícios de envolvimento com apostas em corridas de cavalo. Em resposta, a defesa tenta derrubar a fiança de R$ 2 milhões, alegando vínculo empregatício e rastreabilidade pública do atleta.
Tecnicamente, o caso coloca em xeque a lisura de um jogador que, por anos, foi símbolo de comprometimento e explosão física no Flamengo. A denúncia é robusta em elementos investigativos e inclui conversas comprometedores, mas ainda carece de julgamento definitivo. A defesa rebate, chamando a acusação de "oportunista", especialmente por surgir às vésperas do Super Mundial de Clubes. A alegação de que Bruno Henrique seria facilmente monitorado por conta do calendário oficial da FIFA e da CBF, no entanto, não toca no centro da questão: a integridade da conduta dentro de campo.
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Na Bahia e em outras regiões do país onde o futebol é mais que um jogo — é cultura viva — a acusação mexe com os brios do torcedor. Um atleta de ponta, envolvido num escândalo de apostas, remete a episódios sombrios do passado, como o escândalo da Máfia do Apito em 2005. Naquela época, a sensação era a de que o futebol brasileiro tinha perdido o rumo. Em 2025, o sentimento se repete com uma agravante: a proximidade do Mundial e o protagonismo do Brasil no cenário internacional ampliam o dano simbólico.
É chegada a hora de o Flamengo adotar uma postura firme, sem se esconder atrás de notas protocolares. Se há inocência, que se prove com transparência. Se há culpa, que se puna com rigor. O futebol nacional, que já convive com a desconfiança popular, não pode continuar sendo palco de negociatas que mancham sua essência. Quem joga com a camisa rubro-negra — ou qualquer outra — carrega, mais do que cores, a confiança de milhões. E confiança, uma vez quebrada, é mais difícil de recompor do que um ligamento rompido.
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