Davide Ancelotti estreia hoje como treinador oficial do Botafogo diante do Vitória, mas foi antes da bola rolar que o italiano já chamou atenção. Na coletiva de apresentação, falou em português fluente, com segurança e naturalidade, apesar de estar há apenas um mês no Brasil. O treinador de 35 anos, que acompanhou o pai Carlo na Seleção Brasileira em junho, aproveitou o período para mergulhar no idioma — e o resultado, no mínimo, intrigou o torcedor e surpreendeu até linguistas.

Fluente em cinco línguas, Ancelotti filho se beneficiou do repertório nas chamadas línguas neolatinas — espanhol, francês, italiano, alemão e agora o português. Com base gramatical e vocabulário de raízes comuns, sua trajetória pelo futebol europeu, além da convivência direta com jogadores brasileiros no Real Madrid, encurtou caminhos. Mais do que dom, o italiano demonstrou preparo: fez aulas, focou na estrutura da língua e apostou em vocábulos familiares para acelerar o aprendizado.

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A naturalidade com que se expressou foi vista como "estratégica e simbólica" dentro do clube. Um técnico que se comunica bem, mesmo com sotaque leve, transmite segurança e engaja mais rápido o elenco — especialmente num Botafogo ainda buscando identidade tática e emocional no pós-Lúcio Flávio. Davide, que até aqui trabalhou como auxiliar em grandes centros, estreia com discurso claro e alinhado ao chamado "Botafogo Way", valorizando a base, posse de bola e controle mental em campo.

É bem verdade que a fluência exibida em um mês não é comum. Mas também não é milagre. Em tempo de tradução simultânea e frases decoradas, Ancelotti optou por jogar limpo com a língua — e isso diz muito sobre sua visão de comando. Se o português dele seguir o mesmo ritmo do Botafogo em campo, o clube pode estar diante de um técnico capaz de superar a barreira idiomática e, com sorte, a do G6. Afinal, como se diz por essas bandas, quem quer aprender, aprende — e rápido.