MP investiga gestão Duilio no Corinthians por estelionato e furto

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MP investiga gestão Duilio no Corinthians por estelionato e furto

Empresa fantasma, cartões corporativos e R$ 32 mil em notas suspeitas 

📷 Reprodução: X (Twitter) - fielimprensayt

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) ampliou, nesta segunda-feira (4), o escopo da investigação sobre a gestão de Duilio Monteiro Alves no Corinthians. O Procedimento Investigatório Criminal, que inicialmente apurava uso indevido dos cartões corporativos do clube por Duilio e seu antecessor Andrés Sanchez, agora abrange possíveis crimes de estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa. A suspeita mais recente recai sobre o pagamento de R$ 32.580 a uma empresa de fachada, o Oliveira Minimercado, entre os dias 18 e 31 de outubro de 2023 — mesmo mês em que o clube estava financeiramente estrangulado e politicamente dividido.

A apuração foi impulsionada por documentos revelados pelo ge, que mostraram despesas pessoais pagas com recursos do clube, sem qualquer regramento institucional. A gota d'água para o MP foi a emissão de sete notas fiscais em nome do Corinthians por uma empresa que, ao que tudo indica, nunca existiu comercialmente. O promotor Cássio Conserino visitou o endereço do suposto minimercado e constatou a ausência total de atividade comercial. Além disso, a assinatura do ex-motorista da presidência, Denilson Grillo, em documentos financeiros fez com que ele passasse de colaborador a investigado. O escândalo, porém, não se limita ao passado: integrantes da atual gestão, como Osmar Stabile e Romeu Tuma Júnior, também serão ouvidos nos próximos dias.

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As revelações colocam o clube diante de mais um escândalo institucional, com efeitos que transcendem o campo. Internamente, cresce a pressão por uma auditoria independente, algo que o MP já recomendou de forma expressa. Externamente, a imagem do Corinthians se desgasta em meio a um cenário nacional em que a credibilidade do futebol passa por um estresse profundo — agravado por denúncias de manipulação, interferências políticas e uso indevido de recursos em diversos clubes da elite. A menção ao impeachment de Augusto Melo, atual presidente, torna o ambiente ainda mais sensível e politizado.

É sintomático que as principais lideranças envolvidas não neguem o uso irregular de recursos, mas apelem à legalidade do reembolso e à aprovação formal das contas. A normalização do desvio — ainda que supostamente compensado — revela o vício estrutural de um modelo que confunde patrimônio coletivo com privilégios individuais. O futebol brasileiro, especialmente em clubes de massa como o Corinthians, não pode mais tolerar gestões que tratam o dinheiro público da paixão como se fosse cartão pessoal. O MPS não apenas investiga crimes: ele expõe um sistema de impunidade que, há décadas, joga contra o próprio jogo. 

 

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Quarta, 06 Agosto 2025

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