Neymar lidera ranking inusitado de identificação nacional
Pesquisa expõe vínculos simbólicos entre ídolos e territórios vulneráveis
A nova etapa da pesquisa Raio X da Vida Real, conduzida pelo Instituto Data Favela, revelou que Neymar Jr. é o atleta mais citado por pessoas que atuam em diferentes funções dentro do ecossistema do tráfico de drogas no Brasil. O levantamento ouviu 3954 indivíduos em comunidades de 23 estados, entre 15 de agosto e 20 de setembro de 2025, e buscou compreender preferências culturais de um grupo raramente mensurado por instrumentos tradicionais de opinião. O atacante recebeu 20 por cento das menções, seguido por Cristiano Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, cada um com 9 por cento, e por Lionel Messi, com 7 por cento.
Os números revelam um fenômeno que extrapola o campo esportivo e se encaixa no mosaico social desses territórios. A liderança de Neymar indica uma combinação de apelo midiático, trajetória marcada por ascensão rápida e presença constante na cultura popular. A distância que separa o camisa dez dos demais nomes reforça o alcance emocional que ele sustenta em diferentes estratos da sociedade, inclusive em áreas onde vulnerabilidade econômica e violência moldam o cotidiano.
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As projeções do estudo sinalizam que esse tipo de identificação pode influenciar debates sobre políticas públicas, iniciativas de impacto comunitário e estratégias de comunicação institucional do esporte brasileiro. A capacidade de atletas globais de dialogar com segmentos marginalizados amplia a responsabilidade das entidades que orbitam o futebol, sobretudo quando visibilidade e influência se cruzam de maneira tão evidente.
A leitura crítica desse panorama exige cautela. A vinculação entre ídolos esportivos e grupos associados à criminalidade não deve ser lida como relação de causa e efeito, mas como retrato de como o esporte permeia identidades em contextos complexos. Neymar ocupa o topo da lista por elementos que passam por talento, cultura de massa e projeção internacional. O estudo, ao iluminar essas conexões, convida a uma reflexão madura sobre a profundidade simbólica do futebol em um país atravessado por desigualdades persistentes.
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