Vitória perde ação milionária e agrava cenário financeiro já frágil

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Vitória perde ação milionária e agrava cenário financeiro já frágil

Clube baiano recorrerá após condenação por salários atrasados de Bruno Uvini 

📷 Reprodução: X (Twitter) - soccergfbpa

O Vitória, que já vive um 2025 marcado por instabilidade esportiva e administrativa, foi condenado a pagar mais de R$ 5 milhões ao zagueiro Bruno Uvini por atrasos salariais e falhas no recolhimento do FGTS. A decisão, proferida pela 15ª Vara do Trabalho de Salvador, confirma a rescisão indireta do contrato concedida em junho, após o defensor alegar abandono institucional. O clube nega irregularidades e promete recorrer, sustentando que buscou alternativas para manter o vínculo. O caso, porém, lança luz incômoda sobre a gestão rubro-negra em meio à disputa contra o rebaixamento.

Tecnicamente, a ação judicial revela não apenas uma falha contratual, mas também uma lacuna gerencial. O jogador, que disputou apenas oito partidas pelo clube, foi afastado do elenco principal e mantido em treinamentos paralelos sob a justificativa de baixa performance. O Vitória sustenta que houve tentativa deliberada do atleta em romper o contrato. A Justiça, no entanto, entendeu que a ausência de pagamentos e de depósitos obrigatórios criou condições insustentáveis para a continuidade da relação profissional. A argumentação jurídica do clube – centrada na boa-fé contratual e no princípio da imediatidade – não encontrou respaldo suficiente na sentença.

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Com a decisão, o Vitória se vê diante de um passivo financeiro inesperado que pressiona ainda mais seu fluxo de caixa, já debilitado. A condenação ocorre em um momento em que a equipe luta para se manter fora do Z-4 da Série B, convivendo com receitas limitadas e margens de erro mínimas. O desgaste institucional causado pelo litígio ainda afeta a percepção do clube entre atletas e empresários — um elemento silencioso, mas corrosivo, num mercado cada vez mais atento à segurança jurídica dos contratos. A diretoria aposta em reversão nas instâncias superiores, mas, até lá, o dano reputacional está feito.

Não se trata de um caso isolado, tampouco de um litígio corriqueiro. A reincidência de disputas trabalhistas envolvendo o Vitória nos últimos anos aponta para uma cultura de informalidade estrutural — algo que não se resolve com comunicados oficiais ou recursos jurídicos. Em campo, o time tenta reagir; fora dele, acumula contestações judiciais e dúvidas sobre sua governança. O torcedor, já calejado, vê na condenação de hoje mais um sintoma do adoecimento crônico de uma instituição que, para voltar a ser grande, precisa antes reaprender a ser confiável. Como se diz na Bahia: promessa sem prática é só conversa de beira de campo.

 

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Quarta, 06 Agosto 2025

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