Wanderlei promete nocaute e volta a cutucar Belfort
Revanche adiada por 27 anos reacende tensão entre veteranos
O reencontro entre Wanderlei Silva e Vitor Belfort, agendado para 27 de setembro no Spaten Fight Night, em São Paulo, não é apenas um evento de combate — é um ajuste de contas com o tempo. Em 1998, Belfort nocauteou Wanderlei em 44 segundos, e desde então, a rivalidade amadureceu como vinho azedo. Após 27 anos e com os dois já no ocaso das carreiras, o reencontro ganha contornos dramáticos. Wanderlei, aos 49 anos e com 51 lutas no currículo, voltou aos holofotes nesta semana com provocações diretas: "Nem vou precisar bater muito". O clima? Azedo como manga verde com sal.
Tecnicamente, o duelo tende a ser um choque de estilos envelhecidos, mas não inofensivos. Belfort, mais ativo nos últimos anos, aposta na explosão curta e nos punhos pesados que o consagraram. Já Wanderlei, mesmo sem ritmo competitivo desde 2018, confia em sua agressividade desordenada e capacidade de absorver pancadas. O "Cachorro Louco" quer encurtar a distância e forçar a trocação, enquanto Belfort deve mirar uma janela curta para emplacar o golpe certeiro. Será um combate onde a tática vem depois da coragem — ou da teimosia.
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O retorno de ambos ao ringue em 2025 expõe mais do que nostalgia: revela a dificuldade que ídolos do MMA brasileiro têm de se despedir com dignidade. A motivação de Wanderlei — "não é o dinheiro, é a emoção" — carrega sinceridade, mas também a confissão de quem sabe que o tempo não perdoa. Belfort, por sua vez, que já transitou por eventos alternativos e flertes com o boxe, ainda parece buscar uma afirmação que o tempo insiste em contestar. O público, dividido entre o saudosismo e o desconforto, espera mais espetáculo que técnica — e talvez receba exatamente isso.
A Bahia conhece bem o valor de uma rinha de galo — e essa, convenhamos, tem cheiro de feira antiga. Ninguém ali vai ensinar nada de novo ao esporte, mas podem lembrar ao Brasil que, mesmo envelhecidos, os gladiadores ainda sabem incendiar a arena. Resta saber se a chama acende pelo talento ou apenas pelo barulho. Porque entre a lenda e a caricatura, a linha é fina — e às vezes, invisível.
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