Forrozeiros se mobilizam em vaquinha para jovem sanfoneira de Cruz das Almas

MunicípiosUma sanfona para Julinha

Forrozeiros se mobilizam em vaquinha para jovem sanfoneira de Cruz das Almas

Artista ainda precisa de R$ 1 mil

Crédito: Divulgação

Com apenas 16 anos, a estudante Ana Julia Nascimento de Jesus é apaixonada pela sanfona e já decidiu o que quer fazer na vida: muito forró. Mas ser uma sanfoneira não é fácil e nem tão acessível. Por isso, a jovem criou uma campanha na internet com o objetivo de arrecadar doações para a compra do instrumento, que também é chamado de acordeão ou acordeon.

Natural de Cruz das Almas, no Recôncavo Baiano, Julia usava uma sanfona emprestada para se apresentar em eventos e também na rua. Mas o acordeão quebrou e interrompeu o sonho da adolescente.

Inicialmente, a vaquinha 'Uma sanfona para Julinha' pretendia angariar o valor de R$ 15 mil para adquirir um novo acordeão profissional de 120 baixos, que garante maior alcance das notas musicais graves.

A campanha rapidamente foi abraçada pelos moradores da cidade e começou a viralizar com uma grande mobilização virtual. O sonho da jovem gerou uma corrente solidária e sensibilizou artistas locais e outros músicos da região, como Targino Gondim.

Graças a essa união, Julinha foi convidada para participar da V Edição do Festival da Sanfona, no município de Dom Inocêncio, Piauí, que aconteceu nos dias 22 e 23 de setembro. Lá, a jovem forrozeira conseguiu comprar uma sanfona semiprofissional usada com R$2 mil arrecadados na vaquinha e outros R$500 de doação dos músicos do festival.

"Ela custou R$ 3,5 mil. A gente tá devendo ainda R$ 1 mil pela sanfona. Lógico que é só o começo e eu tenho muito o que aprender. No futuro próximo eu posso procurar uma sanfona profissional, mas no momento essa sanfona está me quebrando um grande galho", garantiu a artista.

Agora, Julia comemora a conquista e demonstra gratidão a todos que ajudaram com a vaquinha e no seu desenvolvimento musical e artístico. "Deixo todos meus agradecimentos a Paulinha Oliveira Forrozeira, a Sandrinho do Acordeon, lá de Dom Inocêncio, e a 'seu' Salvador Nunes, que é o pai de Sandrinho, que puderam contribuir de maneira especial na realização desse sonho", lembrou.

Filha da diarista Edivalda Ribeiro e do padeiro Luiz Santos, a jovem conta que a ideia da vaquinha veio da mãe após o antigo instrumento cedido pela sua irmã mais velha, Juliana, ficar danificado. A família tem poucos recursos financeiros e mora no bairro do Itapicuru, localidade humilde na cidade.

"Essa vaquinha virtual fui eu quem deu a ideia porque a sanfona quebrou e ela estava com uma emprestada, mas teve que devolver. Minha filha estava muito triste, muito borocoxô dentro de casa", relata dona Edivalda.

Não é coisa de momento e nem mania que dá e passa, feito brincadeira. Aluna do 2º ano do Ensino Médio no Colégio Estadual Dr. Lauro Passos, Julia começou a cantar aos seis anos, mas só se interessou pela sanfona depois que viu as tentativas de sua irmã de adquirir habilidades com o instrumento.

A canção 'Espumas ao Vento', eternizada pelo forrozeiro Flávio José, foi uma das primeiras que Julia aprendeu a tocar quando estava com 13 anos, no início de 2020. Assim, ela descobriu o forró e começou a se interessar ainda mais pelo fole e por outros artistas de ritmos nordestinos.

"Sou autodidata e pude aprender sozinha no meu quarto a tocar uma sanfona emprestada. Era velha, com fole furado, toda remendada de arame, mas fui pegando o jeito, aprendendo algumas notinhas e desabrochando até que algumas pessoas me descobriram", relata a jovem no vídeo de divulgação da vaquinha.

Ela leva a sério seu sonho e quer seguir a carreira musical com profissionalismo. Além da admiração pelos ilustres sanfoneiros Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Dorgival Dantas, Julinha Sanfoneira revela que a artista paraibana Lucy Alves é sua grande inspiração feminina na música.

"A sanfona é um pouquinho difícil, tem que ter coordenação motora, é um instrumento desafiador. Escolhi a sanfona por ser um instrumento que a gente não vê muitas meninas e mulheres tocando hoje em dia, principalmente aqui na minha cidade", observa.

Em agosto, a jovem forrozeira cruzalmense foi convidada para tocar junto com seu conterrâneo sanfoneiro Jefinho Dias durante um evento em comemoração ao aniversário do artista.

"A primeira vez que eu a vi foi naquele dia. Algumas pessoas já tinham comentado comigo sobre ela e aí eu fiz o convite através do Instagram", disse Jefinho, que é diretor musical e toca na banda do cantor Adelmario Coelho.

 

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Sexta, 17 Mai 2024

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