Calor intenso eleva risco de crises de enxaqueca, alerta neurologista baiana

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Calor intenso eleva risco de crises de enxaqueca, alerta neurologista baiana

 Ela também destaca que a dor de cabeça persistente não deve ser normalizada.

 As altas temperaturas, típicas do verão na Bahia, podem aumentar a frequência e a intensidade das crises de enxaqueca. A combinação entre calor excessivo, desidratação, noites mal dormidas e rotina irregular faz desta época do ano um dos períodos mais desafiadores para quem convive com o problema, que afeta cerca de 34 milhões de brasileiros, segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT).

A neurologista Dra. Patrícia Schettini, especialista em dor e saúde cerebral, explica que a variação térmica e a perda de líquidos influenciam diretamente o funcionamento dos neurônios e podem desencadear crises mais fortes. "Quando o corpo se desidrata, o cérebro também sofre. A redução do volume sanguíneo cerebral e a sobrecarga térmica são gatilhos potentes para crises de enxaqueca", afirma.

De acordo com ela, o verão traz outros fatores que potencializam o problema. Exposição prolongada ao sol, luminosidade intensa, aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e alterações na rotina de sono são pontos que merecem atenção. "A luz intensa, o ar quente, a oscilação da pressão arterial e até o simples fato de pular uma refeição durante um dia de praia já são suficientes para desencadear uma crise em pessoas predispostas", explica.

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Prevenção começa com hábitos básicos

A neurologista reforça que pequenas atitudes podem reduzir significativamente o número de episódios. Entre as orientações estão a hidratação constante, uso de óculos escuros, alimentação leve e horários regulares de sono.

"No verão, a prevenção é uma soma de cuidados simples. Carregar uma garrafinha de água, se alimentar a cada três horas, evitar exposição direta ao sol nos horários mais quentes e manter o sono organizado podem reduzir em até 50% a chance de uma crise", orienta Dra. Patrícia.

Ela também destaca que a dor de cabeça persistente não deve ser normalizada. "A enxaqueca é uma doença neurológica, não um incômodo passageiro. Se as crises aumentam no calor, é um sinal de que o cérebro está pedindo atenção", completa.

Quando procurar ajuda médica

Crises que duram mais de 72 horas, pioram progressivamente ou vêm acompanhadas de tontura, dificuldade de falar, alteração visual súbita ou fraqueza exigem avaliação médica urgente. Para quem já possui diagnóstico de enxaqueca, o verão é um período estratégico para revisão do plano de tratamento.

"Ajustamos medicação preventiva, orientamos novos hábitos e fortalecemos estratégias integrativas, como controle do sono, manejo de estresse e cuidados nutricionais. O objetivo é manter a vida ativa sem que a dor limite o cotidiano", detalha.

Um olhar multidisciplinar para a dor

No Instituto Schettini, em Feira de Santana, a abordagem da enxaqueca inclui neurologia, fisioterapia, nutrição e acompanhamento emocional. A integração dessas áreas é, segundo a neurologista, o que traz resultados mais consistentes.

"A enxaqueca não é só uma dor. Ela é um fenômeno neurológico que envolve inflamação, metabolismo cerebral e estilo de vida. Por isso, o tratamento precisa enxergar a pessoa além da crise", reforça Dra. Patrícia.

Com a chegada das férias e das altas temperaturas, a médica chama atenção para o equilíbrio. "Ninguém precisa deixar de aproveitar o verão. O segredo é se organizar, cuidar da hidratação, respeitar seus limites e procurar orientação sempre que necessário. Cuidar do cérebro também faz parte de curtir a estação com leveza", conclui.
 

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Quinta, 11 Dezembro 2025

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