Estudo liga ansiedade e insônia à redução de células de defesa no organismo
Pesquisa aponta que sintomas emocionais comuns entre jovens podem afetar a imunidade natural
Um estudo publicado na revista Frontiers in Immunology na última terça-feira (9) chamou atenção ao revelar uma possível ligação entre saúde mental e imunidade. Pesquisadores da Universidade Taibah, na Arábia Saudita, identificaram que sintomas de ansiedade e insônia, especialmente frequentes entre jovens, podem estar associados à redução das células natural killer (NK), essenciais na primeira linha de defesa do sistema imunológico.
A descoberta reforça que problemas emocionais não afetam apenas o bem-estar psicológico, mas também podem comprometer a capacidade do organismo de reagir a infecções.
A pesquisa avaliou 60 universitárias entre 17 e 23 anos, que responderam a questionários validados sobre ansiedade e qualidade do sono. O nível de ansiedade foi medido pelo teste GAD-7, amplamente utilizado em triagens clínicas. Em seguida, as participantes passaram por exames de sangue para quantificar as células NK por citometria de fluxo, técnica capaz de analisar com alta precisão os componentes do sistema imune.
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Os resultados chamaram atenção: cerca de 75% das jovens apresentaram sintomas compatíveis com ansiedade, e mais da metade relatou distúrbios do sono. Ao cruzar os dados com os resultados laboratoriais, os cientistas observaram que aquelas com ansiedade exibiam tanto menor proporção quanto menor número absoluto de células NK. O mesmo padrão apareceu entre as participantes com insônia. Quanto mais altos os níveis de ansiedade, menor a contagem dessas células responsáveis por identificar e destruir células infectadas ou alteradas.
O conjunto dos achados sugere que sintomas emocionais persistentes podem prejudicar a vigilância imunológica, deixando o corpo menos preparado para responder rapidamente a ameaças externas.
Apesar disso, o estudo apresenta limitações importantes: a amostra é pequena, composta apenas por mulheres jovens, o que restringe a extrapolação dos dados para outras faixas etárias ou para homens. Além disso, ansiedade e insônia foram medidas por questionários, e não por avaliações clínicas completas. Como se trata de uma pesquisa observacional, não é possível afirmar causalidade, apenas associação.
Mesmo com essas ressalvas, especialistas destacam que compreender como saúde mental influencia a imunidade é fundamental, sobretudo em um cenário em que ansiedade e distúrbios do sono se tornaram mais frequentes entre jovens.
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