Porteiro diz em depoimento que feirense morta revelou ameaça

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Porteiro diz em depoimento que feirense morta revelou ameaça

Kezia Stefany, ensanguentada, revelou ter sido ameaçada por advogado

Crédito: Acervo pessoal
O porteiro do prédio em que a jovem Kezia Stefany da Silva Ribeiro, de 21 anos, foi morta a tiros, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, contou em depoimento à polícia que a vítima foi à portaria momentos antes do crime. Segundo o funcionário do Condomínio Terrazo Rio Vermelho, a jovem, que estava ensanguentada, teria revelado uma ameaça pelo advogado criminalista José Luiz de Britto Meira Júnior, suspeito de cometer o assassinato.

O crime aconteceu na madrugada de domingo (17). O g1 teve acesso ao documento, onde o funcionário contou que percebeu a chegada do advogado criminalista José Luiz de Britto Meira Júnior e da namorada, Kezia Stefany por volta das 1h30, e cerca de cinco minutos depois, ouviu uma confusão e um pedido de socorro feito por uma mulher.

Ainda segundo o depoimento do porteiro, por volta das 2h, Kezia Stefany, acessou o elevador, e subiu até a portaria, ensanguentada. No local, ela falou: "Luiz quer me matar".

O porteiro também contou à polícia que acalmou a vítima e pediu que ela ficasse na portaria. Kezia Stefany teria ficado no local por cerca de 15 minutos e depois voltou ao apartamento do advogado, quando o funcionário ouviu um tiro.

Arrastada pelo chão

Durante o depoimento, o porteiro relatou que após ouvir o tiro, o advogado José Luiz foi até a portaria e bateu no vidro do local, pedindo ajuda e depois voltou para o apartamento onde estava a namorada baleada.

O porteiro afirmou que o advogado arrastou o corpo de Kezia Stefany, "segurando-a na altura do busto, e deixou o corpo da mesma ali, enquanto ia buscar o carro para deixar em uma posição mais próxima da portaria".

O funcionário detalhou ainda à polícia que José Luiz saiu do condomínio ligando para a polícia, através do número 190 e registrou o fato em um livro do condomínio.

O porteiro também foi perguntado se já tinha ouvido brigas anteriores do casal. Ele confirmou que outros desentendimentos já haviam ocorrido e disse que o advogado chegou a proibir a entrada da namorada no condomínio, mas que o mesmo a levava para o apartamento após a proibição. O homem ainda relatou que apesar das discussões, nunca havia presenciado uma confusão como a que ocorreu no dia do crime

'Gostava dele como filho'

Em entrevista à TV Bahia, a mãe de Kezia Stefany falou da relação que tinha com o namorado da jovem.

"Ele vinha na minha casa, me abraçava e dizia que gostava de mim, que gostava dela. Eu nunca acreditava eu ele iria tirar a vida da minha filha. Eu gostava muito dele, ele me conquistou, conquistou ela. E eu passei a gostar dele como um filho", revela Darlete Alves da Silva.

A mãe de Kezia diz que a filha queria terminar o relacionamento com José Luiz, mas o homem não aceitava a situação.

"Ele ligava para ela a noite toda, ela ligando para ele, não deixava eu dormir. Ligava para saber se ela estava aqui. Eu chamei ele e disse: 'largue minha filha, deixe minha filha em paz'. Creio que quando ele viu que ela não queria mais [o relacionamento] ele matou ela. Creio que foi isso", conta.

Prisão convertida em preventiva

José Luiz de Britto teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, na tarde de segunda-feira (18), pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

A delegada Zaira Pimentel, responsável por investigar o crime, solicitou que o suspeito cumpra a prisão preventiva no Batalhão de Choque da Polícia Militar, que em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador.

A solicitação foi feita após uma polêmica envolvendo a falta de uma "Sala de Estado-Maior" na Bahia. Essa sala é um direito constitucional para que advogados cumpram prisão com "comodidade adequada".

Sem essa locação no estado, a defesa de José Luiz solicitou à Justiça que ele cumprisse a prisão em domicílio. Por causa disso, a delegada pediu à Justiça para autorizar que ele fique detido no Batalhão da PM, já que o conceito de Sala de Estado-Maior corresponde a um local com "condições adequadas de higiene e segurança", e não necessariamente uma cela.

Até a tarde desta terça-feira (19), José Luiz permanecia na Polinter, em Salvador. Advogados, colegas de trabalho, foram visitá-lo e em conversa com a equipe da TV Bahia, um dos advogados contou a versão relatada por José Luiz sobre o caso.

Aos colegas, ele disse que Kezia Stefany usou uma tesoura para atacá-lo, ele foi ferido e pediu que a jovem saísse do apartamento. Em seguida, entrou no banho, não percebeu que a jovem havia retornado ao imóvel e quando saiu do banho, viu a jovem apontando uma arma para ele. Na tentativa de tirar a pistola da mão dela, ocorreu o disparo.

De acordo com a Polícia Civil, depois de atirar em Kezia Stefany, José Luiz levou o corpo dela para o Hospital Geral do Estado (HGE) e fugiu. Ele foi encontrado na casa de familiares e autuado por homicídio qualificado pelo DHPP.

De acordo com a defesa do suspeito, José Luiz de Britto não teve a intenção de matar a jovem e prestou socorro após o disparo.

A defesa informou que José Luiz e Kezia tinham brigas constantes. Ele também afirmou que a arma do crime era do advogado. Ainda no domingo, o presidente da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Bahia (OAB-BA), Adriano Batista, disse que a versão de José Luiz é de ele que agiu para se defender.

Familiares da vítima contestam

A versão apresentada pela defesa do advogado foi contestada pela família da vítima, durante o velório do corpo de Kezia, nesta segunda. A tia dela, Loide Gusmão, detalhou que o tiro atingiu a boca da jovem.

"Não tem condições do tiro ter sido acidental. Pela proporção do ferimento. Um tiro de pistola na boca de uma adolescente [jovem]... você vai imaginar que uma adolescente [jovem] dessa vai sobreviver? É difícil. Acidental? O tiro poderia ter pegado na perna, no braço, de raspão... a gente poderia até imaginar um acidente. Mas assim, certeiro?", questionou Loide Gusmão.

"É difícil de se imaginar que alguém estava em luta corporal com uma menina frágil. Ela era frágil, magrinha. E pelo jeito ela estava bêbada, porque ela gostava muito de beber. Ela não ia ter essas forças todas", avaliou a tia.

O apartamento onde o crime aconteceu já foi periciado pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT), segundo a delegada Zaira Pimentel, que trabalha na investigação do caso. A arma do crime foi encontrada com o suspeito.

Crime

Kezia Stefany e José Luiz tinham um relacionamento há dois anos. Horas antes de ser morta, a jovem chegou a postar um vídeo tomando bebida em uma piscina, nas redes sociais. Nas imagens é possível ver que ela está em uma casa de frente para o mar.

No vídeo, não é possível identificar se ela está sozinha ou acompanhada. Kezia foi morta a tiros durante a madrugada. Segundo a Polícia Civil, o suspeito chegou a levar o corpo da jovem para o HGE e fugiu em seguida.

Ele foi encontrado horas depois na casa de familiares, pela Polícia Militar. O suspeito foi autuado e levado para o DHPP. 

Com informações do G1 | BA

 

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Quinta, 25 Abril 2024

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