TikTok e Instagram se tornam vitrines para médicos e estudantes transgredirem ética profissional

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TikTok e Instagram se tornam vitrines para médicos e estudantes transgredirem ética profissional

 Código de ética não permite médicos exibirem ou falarem sobre pacientes

Foto: Reprodução/Freepik

O caso envolvendo duas estudantes de Medicina que postaram um vídeo sobre uma paciente, afirmando que ela "acreditava ter sete vidas", acendeu a urgente discussão sobre a ética e o uso das redes sociais por profissionais e estudantes da Medicina. As duas alunas chegaram a ser ouvidas no 14º Distrito Policial na última segunda-feira (14) e o inquérito foi concluído nesta quarta-feira (16).

Com redes sociais em alta, cada vez mais profissionais da medicina têm utilizado essas plataformas como vitrine comercial. E vale tudo: desde o dia a dia da rotina até detalhes clínicos e reservados de pacientes. Não são raros, por exemplo, fotos de pacientes e registros de procedimentos médicos em meio a fotos compondo stories de estudantes e profissionais da área. O acumulado de conteúdos do tipo, que se alastram em redes como Instagram e Tiktok, tem gerado preocupações em especialistas sobre os limites éticos da profissão.

Até onde eles podem

Advogada e professora da Faculdade de Medicina da Ufba (Universidade Federal da Bahia), Camila Vasconcelos, em entrevista à Rádio Metropole, ressaltou a importância da confiança entre paciente e médico, um princípio central na ética da medicina. Para ela, estudantes de medicina devem ter clareza de que não é permitido expor a vida de pacientes nas redes sociais, a menos que seja em um contexto pedagógico.

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"Na verdade, nem mesmo exibir pacientes é possível, nem mesmo falar sobre a vida de pacientes, a não ser que seja no ambiente pedagógico, quando você vai fazer uma discussão de caso clínico, quando é preciso trazer dados e, ainda assim, entre os médicos eles usam iniciais ou dizem a idade apenas, as informações necessárias para que se chegue numa perspectiva diagnóstica", explicou. "Os médicos precisam ter noção de que aquele não é um ambiente que deve descortinar a coisa mais importante que existe na medicina que é a confiança na relação", concluiu a professora

Conselho no rastro

O uso das redes sociais por profissionais da área já tem chamado a atenção do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb). Segundo o presidente do Cremeb, Otávio Marambaia, o Conselho já recebeu denúncias de médicos que publicaram conteúdos inadequados ou antiéticos nas redes sociais.

O Conselho segue, segundo o presidente, um protocolo claro e realiza orientação para os médicos que desrespeitam as normas, podendo abrir sindicâncias e, em casos mais graves, instaurar processos ético-profissionais. "O médico pode usar as redes sociais, mas deve seguir o regramento vigente, respeitando sempre a ética da profissão", disse o presidente do Cremeb.

 

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Sábado, 25 Outubro 2025

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