Alexandre de Moraes provoca torcida após vitória do Corinthians sobre Palmeiras
Ministro do STF é filmado fazendo gesto obsceno em meio a sanções dos EUA
A noite desta quarta-feira em Itaquera teve todos os ingredientes de um clássico tenso: rivalidade centenária, jogo truncado, gol salvador e, fora das quatro linhas, um episódio político-midiático de grandes proporções. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, foi flagrado fazendo um gesto obsceno da tribuna da Neo Química Arena durante a vitória do Corinthians por 1 a 0 sobre o Palmeiras, pela ida das oitavas de final da Copa do Brasil. O registro viralizou instantes após o apito final — e se deu poucas horas depois da imposição de sanções contra ele por parte do governo dos Estados Unidos, no escopo da Lei Magnitsky. A coincidência entre o evento futebolístico e o embate diplomático potencializou os holofotes sobre a figura do magistrado, corintiano declarado.
Tecnicamente, o confronto não fugiu ao padrão recente dos Dérbis paulistas: jogo de margens estreitas, definido por uma bola. Memphis Depay, com frieza de veterano europeu, converteu em gol o que era um escanteio desperdiçado por boa parte da noite — e aproveitou o vacilo na marcação alviverde para dar a vantagem ao time de Dorival Júnior. A equipe do Palmeiras, embora tenha tido mais posse (58%) e finalizações (14 a 10), voltou a tropeçar na instabilidade defensiva que já se insinua desde o início do segundo semestre. O gol anulado de Maurício, corretamente invalidado por impedimento, expôs a dificuldade do time de Abel Ferreira em manter a concentração após sofrer. Não por acaso, é o quarto jogo consecutivo do Verdão sem vitória fora de casa.
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O impacto do resultado transcende o placar. O Corinthians, pressionado por uma campanha irregular no Brasileiro, ganha oxigênio emocional e estratégico para o segundo jogo, no Allianz Parque. Joga pelo empate, o que, dadas as circunstâncias e o histórico do confronto, equivale a uma vantagem significativa. Já o Palmeiras, que viu rivais diretos como Flamengo e Atlético-MG se reforçarem melhor no mercado, terá de reverter o placar em um ambiente cada vez mais impaciente. Fora das quatro linhas, a presença — e o gesto — de Moraes abre um flanco simbólico. Em tempos de crise entre Brasília e Washington, sua exposição pública em ambiente futebolístico se converteu, voluntária ou não, em ato político.
É possível argumentar que a arquibancada é um espaço de catarse, não de liturgia institucional. Ainda assim, quando um ministro da mais alta corte do país, recém-alvo de sanções internacionais, retribui vaias com um gesto que beira o escárnio, ultrapassa-se o campo da espontaneidade. Moraes não é um torcedor qualquer. Seu protagonismo recente no Judiciário o transformou em figura polarizadora — e isso exige, no mínimo, autocontenção. A democracia brasileira, já tensionada por pressões externas e ruídos internos, não se beneficia de autoridades que confundem o camarote com o palanque. Mesmo em Itaquera, há um limite para o "bateu, levou".
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