Ancelotti quebra tabu de seis décadas no Brasil
Seleção volta a ser dirigida por estrangeiro após longos sessenta anos
Quando a bola rolou em Guayaquil, na quinta-feira (5), Carlo Ancelotti não esteve apenas estreando como técnico da seleção brasileira. O italiano, multicampeão por onde passou, quebrou um jejum que já durava 60 anos: o Brasil volta a ser comandado por um treinador estrangeiro. Antes dele, apenas três nomes de fora ocuparam esse posto — o uruguaio Ramón Platero, o português Joreca e o argentino Filpo Nuñez, todos em passagens tão rápidas quanto curiosas.
Tecnicamente, Ancelotti chega com a missão de implementar no escrete canarinho uma filosofia que mescla equilíbrio defensivo e talento ofensivo — receita que aplicou com maestria no Real Madrid. Seus primeiros treinos indicam uma seleção menos refém da improvisação e mais comprometida com organização, marca registrada do seu trabalho. Aposta em nomes de confiança, como Casemiro e Richarlison, e testa jovens como Estêvão, prometendo um Brasil que saiba se defender com a mesma competência que ataca.
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Para quem acompanha futebol há décadas, é impossível não fazer um paralelo com o passado. Se Platero, em 1925, assumiu na base da necessidade, e se Joreca e Nuñez viveram experiências pontuais, Ancelotti chega com status de protagonista, num contrato estruturado, e às vésperas de uma Copa do Mundo. É o primeiro estrangeiro a assumir de fato, com projeto, planejamento e carta branca — coisa rara no nosso futebol, que sempre teve certo "resguardo" com técnicos de fora.
Se vai dar certo, só o tempo — e a bola — dirá. Mas é preciso dizer, sem rodeios, que a seleção brasileira não podia mais viver de saudosismo nem de soluções paliativas. A chegada de Ancelotti escancara que, ao contrário do que muitos pensavam, não somos mais donos absolutos do jogo bonito. Se o italiano conseguir traduzir seu know-how europeu sem sufocar nossa essência, quem sabe, enfim, o Brasil volta a ser Brasil no futebol.
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