Aos 22 anos, Pablo Gomes levará o nome de Igatu, pequeno distrito cravado na Chapada Diamantina, para o Campeonato Mundial Juvenil de Skyrunning, que será realizado entre 1º e 3 de agosto, na Itália. Recém-consagrado campeão baiano e bronze no Brasileiro da modalidade, o jovem corredor conquistou sua vaga com méritos esportivos — e resistência emocional. Sem recursos para a viagem, quase desistiu. Foi salvo pelo apoio da Sudesb, que bancou o trecho Bahia–São Paulo, completando o trajeto com parcerias já firmadas.

O skyrunning não é esporte para amadores. Correr acima dos 2.000 metros, enfrentando inclinações íngremes e trechos de escalada, exige mais do que preparo físico — demanda técnica, inteligência de prova e um tipo raro de coragem. Pablo migrou do trail running com adaptação veloz, como quem já conhecia os segredos da serra. Não é exagero dizer que carrega nas pernas os morros da infância: a Chapada moldou um atleta que aprendeu desde cedo a respeitar o relevo e dialogar com o fôlego.

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Em tempos de centralização esportiva no eixo Rio-São Paulo, é emblemático ver um jovem do interior baiano representar o Brasil num evento mundial. O apoio institucional da Sudesb mostra que políticas públicas bem direcionadas ainda podem transformar realidades — mesmo quando as montanhas parecem altas demais. O desafio agora é garantir que Pablo não seja exceção, mas exemplo multiplicador. Porque talento o Brasil tem de sobra, só precisa chegar inteiro à linha de largada.

Num país que raramente olha além do futebol, a façanha de Pablo é quase um grito: há potência nas margens. E onde há altitude, há horizonte. Do vilarejo de pedra de Igatu ao topo da Europa, o jovem corredor carrega nos tênis mais que performance — leva esperança, dignidade e uma Bahia que insiste em subir, passo a passo, mesmo quando o caminho parece escorregadio. Como se diz por essas bandas: quem nasceu no alto aprende cedo a lutar contra o vento.