Ex-campeão do Bahia luta contra vício e preconceito
Sem clube há quatro meses, Dodô tenta renascer no futebol profissional
O futebol brasileiro vive, em 2025, uma encruzilhada delicada. De um lado, o mercado das bets movimentando cifras bilionárias; do outro, histórias como a de Dodô, ex-meia-atacante do Bahia, que amarga quatro meses sem clube após perder quase R$ 1 milhão no vício das apostas online. Aos 25 anos, o jogador — que levantou a taça da Copa do Nordeste em 2021 — se vê numa batalha dupla: recuperar a carreira e vencer o estigma que acompanha quem um dia foi tragado pelo jogo.
Tecnicamente, Dodô ainda carrega características que encantaram o torcedor tricolor anos atrás: boa mobilidade, visão de jogo e capacidade de atuar entre linhas. No entanto, sua trajetória recente foi marcada por passagens apagadas por clubes menores, fruto também de um desequilíbrio emocional que afetou diretamente seu desempenho. A preocupação de dirigentes, hoje, não é com sua bola — que, convenhamos, segue honesta — mas sim com o receio corporativo de atrelar sua imagem à sombra das apostas.
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E aqui mora uma grande contradição: os mesmos clubes que estampam logotipos de casas de apostas em seus uniformes hesitam em contratar quem ousou ser a face humana dessa crise. Na Bahia, onde a memória do torcedor é afiada, não faltam comparações. Em outros tempos, atletas com problemas tão ou mais graves — fosse com álcool, fosse com indisciplina — encontraram abrigo, apoio e volta por cima. Por que agora o futebol fecha as portas, justamente no tempo em que mais precisa discutir saúde mental e responsabilidade social?
Na condição de quem acompanha esse batente há mais de 25 anos, digo sem rodeio: é hora do futebol olhar para além dos cifrões e das aparências. Dodô não pede esmola, pede trabalho. E se não houver espaço para que um jovem de 25 anos, campeão regional, curado, amparado pela família e pela fé, retome sua caminhada... então algo está muito errado no jogo. Afinal, se o sistema não suporta quem cai e levanta, talvez quem precise de reabilitação seja o próprio futebol brasileiro.
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