A partir da temporada 2025/26, torcedores poderão consumir bebidas alcoólicas nas arquibancadas de partidas femininas da Superliga Inglesa. A liberação, anunciada nesta quinta-feira (24), vale para sete clubes, incluindo Arsenal, Chelsea e Manchester United. A medida rompe um tabu vigente desde 1985, quando o álcool foi vetado nos estádios do futebol masculino, em resposta à onda de vandalismo que marcou os anos anteriores nas arenas britânicas. O futebol feminino, mais recente e com ambiente considerado familiar, escapou dessa legislação.

A decisão tem como base um teste conduzido na segunda divisão, que envolveu 51 mil torcedores. Os dados indicaram que dois terços dos entrevistados aprovaram a liberação, enquanto 84% se sentiram seguros durante os jogos. A presença do álcool não alterou o comportamento das torcidas, segundo relatórios da WSL, e ainda incrementou o consumo de alimentos e bebidas no estádio. Em outras palavras: o copo vendeu bem e não transbordou em confusão — pelo menos até aqui.

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Mas nem tudo é chope e aplauso. Permitir o álcool nas arquibancadas implica também em reavaliar o limite entre experiência e risco. A Inglaterra, que foi laboratório de tragédias e reformas nos estádios, sabe o peso de cada decisão nesse campo minado. O ambiente mais pacífico do futebol feminino é real, mas também é frágil. Uma medida dessas precisa ser acompanhada de perto, sem romantizar o consumo nem repetir erros do passado em nova embalagem. Em terra de hooligan, gole por gole pode virar tropeço.

De onde olho — com mais de 25 anos de estrada e microfone — noto que o futebol feminino da Inglaterra quer mostrar que amadureceu, até no que serve no copo. Mas como se diz por aqui, "pra não azedar, é bom mexer com cuidado". O ambiente nas arquibancadas é conquista recente, e preservar essa cultura é tão importante quanto expandi-la. A bebida, nesse contexto, deve ser um acessório, não um protagonista. Afinal, estádio não é balcão — é palco. E o espetáculo merece mais que espuma.