Marta decide com dois gols e recoloca Brasil no topo continental
Aos 39 anos, camisa 10 é eleita craque da Copa América feminina
Em uma final dramática, o Brasil venceu a Colômbia nos pênaltis por 5 a 4, após empate por 4 a 4 no tempo regulamentar e prorrogação, e conquistou a Copa América feminina neste sábado (2), em Quito. Aos 39 anos, Marta entrou apenas aos 37 minutos do segundo tempo, mas foi protagonista: marcou dois gols, um com cada pé, e reafirmou sua relevância no cenário internacional. Eleita a melhor jogadora do torneio, a alagoana chegou ao tetracampeonato continental justamente num momento em que parte da crítica já a tratava mais como símbolo do que solução.
Taticamente, o Brasil de Arthur Elias teve altos e baixos ao longo da campanha, e a final sintetizou esse percurso. O time alternou períodos de desorganização defensiva com lampejos de superioridade técnica, sobretudo pelo lado esquerdo, com Gabi Portilho e Yasmin. Na ausência de uma meia central capaz de ditar ritmo, Marta — ainda que sem mobilidade de outrora — entrou para pensar e concluir. O Brasil perdeu o meio-campo durante boa parte do segundo tempo, e só voltou a competir após o primeiro gol da veterana. Na prorrogação, sua presença reequilibrou as ações, e a liderança nos pênaltis — mesmo com o erro na cobrança — manteve o grupo coeso até o fim.
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O título em Quito reforça a liderança regional do Brasil, mas escancara a necessidade de transição mais clara para o ciclo pós-Marta. Com a Copa do Mundo marcada para 2027 em solo brasileiro, o horizonte aponta para um torneio de despedida ideal — mas não se sustenta apenas em promessas. Ari Borges, Kerolin e Bruninha precisam ser convertidas de apostas a protagonistas. A continuidade de Arthur Elias, por sua vez, dependerá da capacidade de consolidar um modelo de jogo que vá além da entrega individual das veteranas. Vencer ainda é essencial, mas como se vence tem ganhado peso em um futebol feminino cada vez mais competitivo e visível.
Marta, por tudo que entregou ao futebol nacional, não deve satisfações. Mas segue oferecendo respostas — e das mais contundentes. Sua atuação nesta final foi menos sobre saudade e mais sobre presença. Há uma beleza imprevista em ver uma lenda recusando o papel de estátua enquanto ainda pode escrever o próprio epílogo. E se parte do Brasil ainda duvida da permanência da camisa 10 até 2027, convém lembrar: quem conhece o tempo da roça sabe que o último cacho do cajueiro é, às vezes, o mais doce.
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