Neymar critica gramado sintético e pressiona Palmeiras por providências imediatas
Astro do Santos reacende manifesto e questiona segurança competitiva no Allianz Parque
O pós-jogo no Morumbi, onde o Santos venceu o Juventude por 3 a 1, ganhou um capítulo extra quando Neymar, 33, elogiou o campo do São Paulo e, na sequência, rejeitou atuar no Allianz Parque. Ao comparar o piso palmeirense a "society", o atacante resgatou um debate técnico e institucional que atravessa 2025: o impacto do gramado sintético no alto rendimento. A fala vem meses após o manifesto "Futebol é natural, não sintético!", assinado por nomes como Gabigol, Philippe Coutinho e Thiago Silva, e contrapõe-se à resposta do Palmeiras, que citou estudo apontando incidência de lesões menor em superfícies artificiais.
Do ponto de vista esportivo, a crítica não se limita à preferência individual. O sintético altera coeficientes de atrito, velocidade de rolagem e tempo de contato da trava, variáveis que interferem na mecânica de passe, na leitura do quique e no controle do impacto articular — sobretudo em jogos de alta intensidade. Há, ainda, a assimetria competitiva: equipes adaptadas ao piso criam microvantagens em pressão pós-perda, duelos e finalização de média distância. Em contraponto, a literatura acadêmica permanece divergente quanto ao risco de lesão, o que exige separar percepção subjetiva de evidência mensurável e, sobretudo, qualificar o debate com métricas comparáveis entre estádios.
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As consequências transbordam o limite do clássico de 30 de novembro, já marcado para o Allianz. A resistência pública de um protagonista do campeonato tende a pressionar federações, promotores e a própria CBF a calibrar protocolos de certificação, auditoria de manutenção e padronização de parâmetros (dureza, amortecimento, temperatura superficial). Clubes que cogitam migrar para o sintético — por calendário, shows e logística — terão de precificar não apenas receita adicional, mas a resposta do elenco e o ônus reputacional. Em paralelo, o Palmeiras será chamado a sustentar, com dados de disponibilidade e performance, que o piso não distorce o jogo.
Minha leitura é que Neymar recoloca o assunto no centro com o peso de quem decide partidas — e isso exige mais que notas oficiais. O futebol brasileiro precisa de uma régua única: monitoramento independente de carga articular, mapas de lesões por segmento, rastreio de velocidade de bola e estudos multicentro que comparem pisos específicos, não categorias genéricas. Sem isso, a discussão vira ruído e deixa o torcedor à mercê de versões. E, convenhamos, num campeonato que cobra excelência, é melhor aparar arestas agora; senão, como se diz na Bahia, o problema "encrespa" na reta final.
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