Brasil devolve carta de Trump por ofensas e mentiras sobre o país
Governo brasileiro considerou a carta de Donald Trump ofensiva e repleta de informações falsas.
O governo brasileiro devolveu a carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual o republicano comunica a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros. Segundo fontes oficiais ouvidas pela agência EFE, o conteúdo foi considerado "ofensivo" e repleto de "mentiras" sobre o país e a relação comercial entre as duas nações.
A devolução simbólica da carta ocorreu durante uma segunda reunião realizada na quinta-feira (9), no Itamaraty, entre a secretária para a América do Norte do Ministério das Relações Exteriores, Maria Luisa Escorel, e o encarregado de negócios dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar.
📱 FEIRA DE SANTANA NOTÍCIAS 24H: Faça parte do canal do Folha do Estado no WhatsApp
De acordo com as fontes, Escorel pediu que Escobar confirmasse a autenticidade da carta, já que o conteúdo foi divulgado publicamente nas redes sociais antes mesmo de ser oficialmente entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após a confirmação, a diplomata brasileira afirmou que o governo brasileiro estava devolvendo o documento por conter "erros factuais" e declarações inaceitáveis.
Na carta, divulgada por Trump na rede social Truth Social, o ex-presidente americano anuncia tarifas de 50% sobre produtos do Brasil e sai em defesa de Jair Bolsonaro, atualmente investigado por tentativa de golpe. "Esse julgamento não deveria estar acontecendo. Trata-se de uma caça às bruxas que precisa acabar imediatamente!", escreveu Trump.
O presidente Lula reagiu com firmeza, afirmando que qualquer medida unilateral contra produtos brasileiros será respondida à luz da Lei da Reciprocidade, em vigor desde abril. Essa legislação permite ao Brasil adotar ações contra países que criem barreiras comerciais de forma unilateral.
Lula também desmentiu a alegação de que os EUA enfrentam um déficit comercial com o Brasil. "As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit de 410 bilhões de dólares em bens e serviços nos últimos 15 anos", escreveu nas redes sociais.
Trump ainda acusou o Brasil de atacar eleições livres e de ferir a liberdade de expressão de americanos, citando ordens judiciais do STF contra plataformas digitais. Lula rebateu: "O Brasil rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes e discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática."
Segundo o presidente brasileiro, liberdade de expressão não se confunde com práticas violentas ou criminosas, e todas as empresas que atuam no país devem seguir a legislação nacional.
VEJA TAMBÉM:
Trump anuncia taxa de 50% ao Brasil a partir de agosto
Na tarde desta quarta-feira (9), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que seu governo cobrará do Brasil uma tarifa de 50% sobre os produtos exportados aos Estados Unidos a partir de 1º de agosto.
O norte-americano alegou que o Brasil não cobrava tarifas justas aos Estados Unidos, mas em carta enviada ao presidente Luís Inácio Lula da Silva, justificou sua posição dando ênfase na defesa do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro.
Anteriormente o presidente dos EUA decidiu criticar os países do grupo de nações emergentes Brics, do qual o Brasil é uma parte importante, onde passou a reforçar as ameaças de imposição de tarifas após reunião do grupo no Brasil. Trump alegou que havia uma tentativa de enfraquecer o dólar, uma vez que os países do Brics negociam em suas moedas, não com a norte-americana.
A Casa Branca justifica a nova ameaça de tarifas ao Brasil como retaliação à Justiça brasileira por decisões contra empresas de mídia e redes sociais do Estados Unidos, que se posicionaram contra a soberania brasileira.
Leia a carta na íntegra:
"Conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros Líderes de Países. A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!
Devido em parte aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (conforme recentemente ilustrado pela Suprema Corte brasileira, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS às plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com milhões de dólares em multas e despejo do mercado de mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todo e qualquer Produtos brasileiros enviados para os Estados Unidos, desvinculados de todas as Tarifas Setoriais. As mercadorias transbordadas para fugir desta Tarifa de 50% estarão sujeitas a essa Tarifa mais elevada.
Além disso, tivemos anos para discutir nossa relação comercial com o Brasil e concluímos que devemos nos afastar da relação comercial de longa data e muito injusta gerada pelas políticas tarifárias e não-tarifárias e pelas barreiras comerciais do Brasil. Nosso relacionamento tem estado, infelizmente, longe de ser recíproco.
Por favor, entenda que o número de 50% é muito menor do que o necessário para termos condições de concorrência equitativas que devemos ter com o seu país. E isso é necessário para retificar as graves injustiças do atual regime.
Como você sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas de seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos todo o possível para obter aprovações de forma rápida, profissional e rotineira, em outras palavras, em questão de semanas.
Se por algum motivo você decidir aumentar suas tarifas, então, qualquer que seja o número que você escolher para aumentá-las, será adicionado aos 50% que cobramos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de políticas tarifárias e não-tarifárias e barreiras comerciais do Brasil, causando esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos.
Este défice é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional! Além disso, devido aos contínuos ataques do Brasil às atividades de comércio digital de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais injustas, estou instruindo o representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da Seção 301 do Brasil.
Se você deseja abrir seus mercados comerciais até então fechados para os Estados Unidos e eliminar suas políticas e barreiras comerciais tarifárias e não-tarifárias, talvez consideraremos um ajuste nesta carta.
Estas Tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo da nossa relação com o seu País. Você nunca ficará desapontado com os Estados Unidos da América.
Comentários:
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.
Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.