Treinar potência ajuda idosos a reagirem melhor no cotidiano
Capacidade física vital perde força cedo e precisa ser estimulada sempre
É cada vez mais evidente que a perda de potência muscular — a capacidade de aplicar força com velocidade — está diretamente associada à perda de autonomia física. Estudos recentes, como o publicado pela Sports Medicine – Open em 2025, apontam que a potência começa a declinar antes mesmo dos 40 anos, de forma mais acentuada do que força ou massa muscular. Aos 70, homens já perderam cerca de 39% dessa aptidão; mulheres, 53%. A ciência agora batiza essa queda de powerpenia, e trata o tema com a seriedade de um marcador clínico: mais que um luxo atlético, manter potência muscular é uma urgência de saúde pública.
No campo da preparação física, a potência é o elo entre a força construída e a agilidade necessária para reagir. Saltar, correr, levantar-se rápido da cadeira ou segurar uma queda repentina são ações cotidianas, mas exigem uma combinação neuromuscular cada vez mais rara na população envelhecida. O treinamento voltado para esse fim, portanto, precisa ser específico e adaptável: para uns, saltos com carga; para outros, o simples ato de levantar-se com velocidade. A orientação profissional é imprescindível, mas a lógica permanece — treinar o corpo para responder rápido.
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O impacto disso ultrapassa os muros da academia. A preservação da potência muscular está correlacionada com melhor desempenho cognitivo, maior equilíbrio e até maior disposição emocional. Pessoas idosas que perdem potência apresentam maior risco de quedas, sentem-se menos confiantes e, em muitos casos, relatam perda no prazer de viver. A ausência desse tipo de estímulo nos programas tradicionais de musculação revela uma lacuna grave na forma como se pensa o envelhecimento físico. E o custo da omissão, social e econômico, será crescente diante do avanço da população acima dos 60.
A ideia de que potência é assunto exclusivo de atletas é um equívoco que precisa ser corrigido — e com certa urgência. Manter a capacidade de reagir, mover-se com destreza e resistir às surpresas do dia a dia não é vaidade, é autopreservação. Em tempos de envelhecimento acelerado, talvez estejamos prestando mais atenção à estética do que à resposta motora. E como se diz lá em Juazeiro, "quem não se ajeita na rede, cai no chão duro". A potência, hoje, é um colchão invisível entre a vitalidade e a vulnerabilidade.
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