Canabidiol pode ser usado no tratamento de dor de cabeça crônica

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Canabidiol pode ser usado no tratamento de dor de cabeça crônica

Estudos apontam que canabidiol não possui efeitos psicoativos, mas tem ação analgésica 

Crédito: Reprodução/RPC
A cannabis contém uma variedade de compostos químicos, os mais conhecidos sendo o canabidiol (CBD) e o THC. Estudos apontam que canabidiol não possui efeitos psicoativos, mas tem ação analgésica, anti-inflamatória e anti-emética, e atualmente é indicado no tratamento de algumas patologias neurológicas.

O uso foi liberado há pouco tempo no Brasil e antes costumava ser disponibilizado através de extrato concentrado da planta, que não possui uma regulamentação ou fiscalização na sua produção, mas agora também dispomos de importação de fórmulas de produção farmacêutica, que são regularizadas e tem concentração definida como qualquer outra medicação. Entretanto, há resistências tanto por parte da comunidade médica como também por pacientes.

O Folha do Estado conversou com exclusividade com a Dra. Milena Lopes, médica da dor e acupunturista, sobre o uso de canabidiol utilizado nos quadros de cefaléia crônica (caracterizada como dor de cabeça persistente que dura meses e até anos). "As mais comuns são enxaqueca, cefaléia tensional, cefaleia em salvas (dor intensa de um lado da cabeça) e há boas respostas em todos os casos, principalmente, nos quadros de enxaqueca. Em relação à indicação do paciente que pode utilizar, basicamente, todos os pacientes podem utilizar o CBD. Entretanto, hoje, colocamos como escolha, para aqueles que são classificados como refratários (que já tentaram tratamento com todas as medicações mais tradicionais ou tem alguma contraindicação), normalmente, indicamos o uso do óleo da Cannabis que pode conter o CBD isoladamente. Pode vir na apresentação de full spectrum e tem também os terpenos canábico, que pode ou não conter alguma concentração do THC", explica Milena.

A médica afirma que o óleo da Cannabis, principalmente, é indi- cado para dores crônicas refratárias, dores neuropáticas e dores de cabeça. Ela diz ainda que se utilizado em doses corretas e para os pacientes criteriosos, não costuma causar significativos efeitos colaterais. "Os efeitos colaterais mais comuns são: sonolência, boca seca, diarreia, sensação de baixa pressão arterial, tontura, enjoo, pode causar um pouco de desequilíbrio, alterar a frequência cardíaca, mas normalmente esses efeitos são no início do tratamento ou quando o paciente extrapola a dosagem ideal e isso é algo completamente individual. Contudo, a dor de cabeça como efeito do uso do canabidiol, não é algo comumente relatado", esclarece.

A especialista salienta que o uso do canabidiol e do óleo derivado da cannabis de forma medicamentosa requer acompa- nhamento médico e não tem a ver com uso recreativo da substância. "Existe um controle em relação à prescrição médica e um seguimento médico em que o paciente será monitorado. O médico vai orientar a dose certa que o paciente deve tomar, isso é completamente diferente do uso recreativo da planta cannabis. O objetivo nesse uso recreativo é dar 'barato'. Considerando o uso médico, onde o objetivo é tratar, principalmente, quadros de dores refratárias, esclerose múltipla, ou aqueles pacientes que apresentam efeitos severos, ou ainda pacientes com epilepsia grave. Eles não desenvolvem de- pendência em relação ao uso do canabidiol", diferencia.

A neurologista, entretanto, ressalta que há sim, possibilidade de desenvolvimento de quadros de psicose, alterações comportamentais, relacionados aos usos do THC. "O THC é um componente também derivado da cannabis e naqueles pacientes, principalmente adolescentes, ainda com cérebro, pode causar alteração no uso a longo prazo. Porém, quando a gente faz o uso medicamentoso, existe um controle em relação às doses que serão utilizadas que são totalmente diferente das doses recreacionais que podem chegar até 20 vezes a dose medicamentosa. Por isso, nesse grupo específico, é evitado o uso de THC".

A terapeuta acredita que hoje o óleo derivado da cannabis é um dos recursos mais importantes empregados no tratamento de dores crônicas, mas a falta de especialistas no assunto, assim como a inacessibilidade da população ao medicamento, restringem a prescrição. "Aí, a gente pode colocar tanto o uso do canabidiol, quanto do THC. Atualmente ele ainda é pouco prescrito porque poucos médicos estudam sobre o composto e sabem prescrever, há poucos profissionais fazendo isso no Brasil. Além disso, infelizmente, ainda é considerada uma medicação de alto custo e não é acessível à maioria das pessoas. Contudo, com a chegada de novas empresas que estão comercializando a medicação em farmácias comuns, empresas estrangeiras facilitando a importação desses óleos e com o fortalecimento das associações nacionais, gradativamente, a gente está vendo a redução do custo e tornando mais acessível para os pacientes. Eu acredito que o uso da substância deixará de ser a última escolha e passará a ser uma das opções que nós poderemos oferecer aos pacientes", idealiza. 

 

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Quinta, 28 Março 2024

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