Feira de Santana vive surto de esporotricose, denuncia ONG
ONG vem percebendo um número crescente de casos
Feira de Santana está atravessando um surto de Esporotricose. Quem faz a denúncia é Jamila Cardoso, da ONG Patinhas de Rua, entidade não governamental que atua no cuidado, recolhimento e adoção de animais em situação de abandono.
Segundo Jamila, a ONG vem percebendo um número crescente de casos em suas ações pelas ruas da cidade e também tem recebido cada vez mais relatos e confirmações da doença através de colaboradores e veterinários parceiros. "Em nossas ações, é perceptível um crescimento substancial no número de casos da doença, que por se tratar de uma zoonose, é uma doença potencialmente perigosa para os seres humanos. Cabe ao poder público intervir com alguma ação no sentido de conter este surto, já que pode afetar seres humanos também. Temos recolhido e tratado alguns animais, mas o raio de ação e capacidade operacional na nossa ONG é limitado e é atribuição da Prefeitura atuar no sentido de conter o número de casos, com ações de castração em massa, coleta de material para exames em casos de suspeitas e distribuição do medicamento para pessoas de baixa renda, pois o tratamento é extenso e oneroso. Nós, da ONG Patinhas de Rua, nos colocamos à disposição da população para tirar dúvidas e do Centro de Zoonoses, para uma parceria em alguma ação conjunta", diz Jamila.
Conhecida como a doença da roseira, ou doença do jardineiro, a esporotricose é uma doença crônica causada por um fungo chamado Sporothrix, presente no solo e na vegetação, como palhas, folhas, espinhos, troncos de árvore, arbustos e pedaços de madeira, por exemplo.
Com maior incidência em regiões tropicais e subtropicais, o fungo Sporothrix precisa de umidade e altas temperaturas para se replicar e pode afetar diversas espécies de animais, como equinos, bovinos, suínos, camelos, primatas e cães, sendo os gatos mais suscetíveis à doença por terem os hábitos de enterrar suas fezes, de caça e de amolar as unhas em árvores e troncos de madeira. Por se tratar de uma zoonose, a doença é altamente contagiosa e pode ser transmitida ao ser humano, o que a torna uma doença potencialmente perigosa, conforme avisa o médico veterinário Marcos Augusto.
"Realmente, o número de casos tem aumentado e até mesmo outros colegas veterinários já comentaram comigo que também têm percebido isso, o que acende uma luz de alerta, pois é uma zoonose, atinge todas as espécies de mamíferos e é uma doença de fácil transmissão. Em humanos, ela começa com alguns caroços que coçam e causam dor. Conforme a evolução, começa a minar pus e se transforma em pequenas feridas que vão aumentando e não cicatrizam. Aliás, um dos maiores indícios é este, o surgimento de feridas que, mesmo mediante tratamento convencional, não cicatrizam e só aumentam. Ao notar esses sintomas, as pessoas devem imediatamente realizar um exame e levar seus animais a um veterinário. Em caso de suspeitas, é imprescindível isolar o animal para que outros animais ou pessoas sejam contaminadas e somente fazer o manejo do mesmo mediante o uso de luvas", alerta.
CONTATO
O veterinário ainda alerta que a melhor prevenção é evitar deixar que animais domésticos tenham acesso a animais de rua e que cabe ao poder público promover a castração em massa de animais abandonados. Ele também fala sobre a importância de, em caso de suspeita ou confirmação da doença, se agir o mais rápido possível, pois quanto mais se demora a iniciar o tratamento, mais ela pode se alastrar e mais demorado se torna o tratamento.
"Primeiramente, o mais importante é procurar o veterinário e seguir religiosamente o tratamento indicado, que é feito com uma medicação específica, que pode ou não ser associada ao uso de antibióticos e outros fármacos de uso tópico, a depender do estágio da doença. Em casos avançados da doença e, particularmente, para pessoas que possuem comorbidades, como diabetes e obesidade mórbida, a doença pode se tornar extremamente perigosa, podendo até infectar órgãos internos. O tratamento é extenso e delicado e a doença pode levar de três a seis meses para ser totalmente debelada e às vezes até mais tempo. Ao sumirem os sintomas e cicatrizando as feridas, o tratamento deve continuar por mês um mês no mínimo, pois o risco da doença voltar é grande", informa o veterinário.
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