Brasileiras relatam desespero em hotel invadido durante crise no Nepal
Ana Flávia e Mayra vivem incerteza após fuga em meio a protestos
O caos político no Nepal atravessou as fronteiras do esporte e atingiu de forma direta duas jogadoras brasileiras. A levantadora Ana Flávia Galvão, ex-Praia Clube, e a ponteira Mayra Souza, revelada pelo Mackenzie, tiveram o hotel invadido por manifestantes em Pokhara, cidade que recebe a Everest Women's Volleyball League. As atletas, que atuam pelo Karnali Yashvis, fugiram às pressas e foram levadas para outra acomodação. A violência nas ruas, marcada por incêndios e pela renúncia do primeiro-ministro, deixou suspenso o calendário da competição e adiou indefinidamente o retorno das atletas ao Brasil.
A súbita transformação de uma temporada internacional em um episódio de sobrevivência expõe a vulnerabilidade de atletas em mercados emergentes do vôlei. A decisão de atuar em ligas periféricas costuma ser motivada por salários e tempo de quadra, mas ignora o risco geopolítico. A Everest League, em apenas sua segunda edição, já se vê refém de uma instabilidade que nenhum cronograma esportivo consegue contornar. A prioridade das jogadoras, agora, é a segurança pessoal, não mais a performance em quadra.
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As consequências podem ultrapassar a experiência individual. Clubes brasileiros e empresários tendem a reavaliar o envio de atletas a países com histórico de instabilidade política. O episódio também pressiona federações e agentes a estabelecer protocolos de evacuação mais claros. No curto prazo, Ana Flávia e Mayra aguardam a reabertura dos aeroportos, mas a incerteza sobre a continuidade do torneio e a presença de estrangeiras no elenco coloca em xeque a própria viabilidade do projeto esportivo no Nepal.
A lição é dura, mas necessária. Num cenário em que a internacionalização do vôlei feminino avança para além das potências europeias, a segurança não pode ser tratada como detalhe logístico. Jogadoras brasileiras, formadas em bases consolidadas e acostumadas a campeonatos estruturados, não deveriam ter sua carreira exposta a dilemas de segurança dignos de correspondentes de guerra. O episódio em Pokhara reforça a urgência de um debate amplo sobre a responsabilidade de clubes, agentes e entidades na proteção de atletas fora dos grandes centros esportivos.
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