Davide Ancelotti assume Botafogo com risco já evidente
Jovem técnico estreia sob legado instável e pressão imediata
O Botafogo oficializou a contratação de Davide Ancelotti, filho do atual técnico da Seleção Brasileira, para comandar a equipe até dezembro de 2026. Aos 35 anos, o italiano fará sua estreia como treinador principal após acumular experiência como assistente do pai em gigantes europeus como Real Madrid, Bayern e Napoli. A chegada acontece em meio à turbulência institucional que marca a era John Textor: são onze treinadores diferentes em dois anos e meio de SAF, com ciclos que raramente atravessam uma primavera.
O currículo de Davide impressiona pelo convívio com a elite, mas não oferece garantia alguma de que resistirá ao ambiente volátil em General Severiano. Seu desafio será aplicar conceitos europeus em um elenco acostumado com mudanças constantes e ideias conflitantes. Taticamente, espera-se um Botafogo mais organizado defensivamente, com transições racionais e controle emocional — atributos que os times de Carlo Ancelotti carregavam, e que Davide, teoricamente, absorveu. Mas teoria não ganha clássico nem segura cargo em solo brasileiro.
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A projeção imediata para o novo técnico é ingrata. Ele assume uma equipe que oscilou entre a euforia de bater o PSG no Mundial de Clubes e a eliminação precoce diante do Palmeiras, num roteiro que virou marca do clube sob Textor. A falta de continuidade nos projetos é tamanha que qualquer derrota vira interrogação sobre o futuro. Davide chega, portanto, sem margem de erro — e sem tempo para errar. No Brasil, não basta conhecer futebol, é preciso saber jogar o jogo político do vestiário e da diretoria.
Dá-se, aqui, o paradoxo do projeto alvinegro: ambição europeia com hábitos tropicais. Enquanto o clube se gaba de romper fronteiras — com título da Libertadores e vitórias internacionais — ainda tropeça no básico: planejar a médio prazo. O torcedor, calejado, sabe que Davide precisa mais do que competência. Precisa resistir ao que tantos não resistiram. E, quem sabe, quebrar a roda que gira mais que a bola.
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