A era de Juan Pablo Vojvoda no Fortaleza chegou ao fim nesta segunda-feira (14), encerrando um dos trabalhos mais consistentes e duradouros do futebol brasileiro recente. Após a derrota por 1 a 0 para o Ceará, em pleno Clássico-Rei válido pelo Brasileirão, o treinador argentino não resistiu à sequência de nove jogos sem vitórias — sendo seis derrotas consecutivas — e à queda para a zona de rebaixamento, onde o Tricolor ocupa a 18ª colocação. Desde o retorno da pausa para a Copa do Mundo de Clubes, o time acumulou eliminações e perdas de desempenho técnico.

Dentro de campo, o Fortaleza de Vojvoda viveu momentos de protagonismo, adotando um estilo de jogo agressivo, com linha alta e construção paciente. Mas, em 2025, o elenco pareceu não mais corresponder à proposta. Houve queda na compactação defensiva, lentidão na transição e dificuldades de adaptação a adversários mais físicos. A eliminação para o Bahia na Copa do Nordeste e o desempenho apático no Brasileirão acenderam os alertas — e o clássico foi o ponto de ruptura. A ideia até era preservar o técnico por gratidão ao legado, mas a realidade da Série A falou mais alto.

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É preciso, no entanto, reconhecer: o argentino fez história no Pici. Foram cinco títulos em quatro anos (duas Copas do Nordeste e três estaduais), 309 jogos e um vice-campeonato continental que levou o nome do Fortaleza ao topo do noticiário internacional. Faltou gás, não grandeza. A comissão técnica inteira também se despede, e o clube busca um nome que consiga manter um mínimo de identidade coletiva, mas com o foco voltado à sobrevivência no Brasileirão. Em tempos de calendário esfolante e exigência de resultados imediatos, nem mesmo os longínquos resistem ao fantasma do Z4.

O desafio agora é mais psicológico do que tático. O próximo treinador herdará um vestiário machucado e um torcedor exigente — e com razão. O Fortaleza que se acostumou a incomodar os grandes não pode naturalizar a luta contra o descenso. Como dizem nas bandas do sertão, "quem muito se abaixa, o destino trata de cobrar". Vojvoda sai de cabeça erguida, mas a permanência na Série A virou caso de urgência. E sem margem para mais tropeço.