Única jogadora no sub-13 do Botafogo, Giovanna relata faltas duras e ofensas

Esportes'Mandam me matar'

Única jogadora no sub-13 do Botafogo, Giovanna relata faltas duras e ofensas

Meia-atacante é a única garota inscrita no Campeonato Metropolitano sub-13, que é misto  

Giovanna Waksman é destaque do Botafogo no Campeonato Metropolitano Sub-13 — Foto: Reprodução/Twitter

Uma das principais promessas do futebol feminino brasileiro, Giovanna Waksman, meia-atacante do Botafogo, mobilizou as redes sociais após a divulgação de vídeos que expõem a violência física e verbal que a garota tem sofrido durante a disputa do Campeonato Municipal sub-13. Ela é a única menina inscrita no torneio, que é misto (meninos e meninas podem disputar a competição).

Os ataques verbais vêm, segundo ela, das arquibancadas e partem dos pais e das mães dos atletas dos times adversários.

- Gritam mandando me matar, dizendo para não deixar eu jogar, que futebol é para homem. E coisas muito piores também. A maioria (dos gritos) vem de mulheres, as mães dos meninos. Um absurdo - disse, em entrevista ao ge, antes de completar:

- O fato de eu ser menina pesa porque os pais (dos atletas adversários) não aceitam quando vou melhor do que eles. Mas os meninos não têm isso (de xingar). Eles obedecem ao que os pais os mandam fazerem. Eu jogo, vou para cima deles e eles me batem.

Giovanna, 13 anos, tem participação em 21 dos 34 gols alvinegros marcados nas 13 partidas do Metropolitano: deu 13 assistências e marcou oito vezes. No último domingo, pela semifinal, contra o São Cristóvão, Giovanna sofreu uma falta que acarretou uma fissura na clavícula. O adversário que provocou a lesão que a tirará dos gramados por duas semanas não foi punido com cartão. A pancada não foi um episódio isolado.

- Tem jogos que eu saio com o tornozelo inchado, com a perna sangrando. Teve um jogo que eu quase quebrei a perna, o barulho que deu foi muito grande. Em todos os jogos, eles me batem à beça. E o juiz não dá cartão amarelo, não fala com eles. Quando eu reclamo, o juiz fala que eu não sei a regra... É um negócio que acontece diariamente - contou.

A garota acredita que a violência acontece como resposta à sua habilidade e seus dribles:

- Se fosse qualquer outro menino com o mesmo talento, aconteceria assim também. No futebol brasileiro, é isso. Se tem talento, dizem que tem que bater, tem que matar, não pode deixar jogar... Eu falo de uma forma geral, não só por ser comigo ou por ser menina. Independente do sexo, da pessoa, tem que ter mais respeito. Eu não posso ser culpada pelo talento que eu tenho, né?

Na quarta-feira (22), o Botafogo se manifestou em suas redes sobre o assunto com a #deixaelajogar.

 

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Quinta, 25 Abril 2024

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