Botafogo cobra Lyon por vendas e exige R$ 410 milhões
Clube brasileiro alega ter sacrificado ativos para salvar coirmão francês da Eagle
As relações entre Botafogo e Lyon, outrora símbolo da ideia de "família corporativa" promovida por John Textor através da Eagle Football, azedaram de vez. Em carta enviada no dia 18 de julho ao clube francês, o Alvinegro exige o reembolso de € 55,5 milhões (cerca de R$ 410,2 milhões), alegando ter aceitado condições desfavoráveis na venda de Luiz Henrique, Igor Jesus, Jair e Savarino para aliviar o caixa do coirmão europeu. O documento menciona ainda a cessão gratuita de Almada por empréstimo — uma ajuda que, segundo o clube carioca, foi prestada em nome da sobrevivência esportiva do Lyon.
O argumento central da notificação reside no conceito de "caixa único" — estrutura informal da Eagle que, na prática, permite a circulação de ativos entre clubes como se fossem departamentos de uma mesma empresa. Segundo a diretoria botafoguense, a pressão da DNCG (autoridade de controle financeiro do futebol francês) sobre o Lyon motivou transferências em valores abaixo do mercado e, em alguns casos, sem qualquer cobrança. Almada, por exemplo, teria sido emprestado sem ônus. Já Savarino, até então ausente das disputas públicas, aparece no contrato como vendido ao OL por € 7,6 milhões, em março deste ano. Igor Jesus foi negociado por impressionantes US$ 43,1 milhões, Jair por € 20,9 milhões e Almada por € 27 milhões — cifras que agora retornam à mesa, convertidas em cobrança judicial.
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A medida evidencia uma ruptura simbólica e operacional. A Eagle, que promoveu a narrativa de cooperação entre clubes-irmãos, vê sua unidade corroída pela lógica do prejuízo unilateral. O Botafogo, que começou o ano liderando o Brasileirão e investindo alto para consolidar um projeto internacional, sofre impacto direto com a saída de jogadores-chave em plena janela de decisões. Em paralelo, a crise interna da Eagle se aprofunda: acionistas pedem à Justiça a suspensão dos atos de Textor à frente do clube brasileiro, citando riscos financeiros e desvios de propósito da governança.
A estratégia do Botafogo, ainda que tecnicamente embasada, escancara o esgotamento do modelo de multiclubes quando submetido à desigualdade de riscos e ganhos. A "Família Eagle" se revelou, para os cariocas, mais madrasta do que mãe. Agora, além da instabilidade no elenco, o clube enfrenta um desafio jurídico e reputacional. Ao buscar na Justiça a reparação pelo que considera um "empréstimo forçado", o Botafogo não apenas se desvincula do ideal corporativo que o seduziu em 2022, como reabre o debate sobre os limites éticos e operacionais das redes multinacionais no futebol.
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