A estreia do segundo turno da Série B colocou à prova a maturidade competitiva do Coritiba. Em noite de superação no estádio OBA, em Goiânia, o Coxa venceu o Vila Nova por 2 a 1, mesmo jogando com um a menos por mais de uma hora, e saltou provisoriamente à liderança da competição, com 38 pontos. O gol contra de Tiago Pagnussat abriu a contagem, Dodô empatou de pênalti e, mesmo após a expulsão de Machado, Jacy balançou as redes para definir o placar. A derrota, segunda consecutiva do Vila, acende alerta no clube goiano, que pode deixar o G-8 ao fim da rodada.

O jogo expôs contrastes táticos nítidos. O Coritiba iniciou com três volantes, linhas compactas e marcação alta — postura rara fora de casa na Série B. O controle territorial se refletiu nos números: foram 22 finalizações (contra 13 do adversário), com maior volume no primeiro tempo. A expulsão precoce de Machado, aos 29 minutos, forçou uma adaptação tática: Gómez recuou, Wallisson fechou a entrelinha e o time passou a operar em transição rápida. O Vila, embora tenha tido mais posse no segundo tempo, abusou de cruzamentos pouco efetivos e esbarrou em atuação segura do goleiro Pedro Morisco, que fez quatro defesas cruciais.

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A vitória tem efeito simbólico e prático. Em meio à instabilidade emocional de rivais diretos, como Goiás e Chapecoense, o Coritiba mostrou estofo para enfrentar adversidades — e pontuar em ambientes hostis. A liderança, embora provisória, recoloca o clube como protagonista na briga pelo acesso, algo que parecia improvável após a troca de comando em abril. Ao Vila Nova, restam lições duras: a oscilação pós-parada da Copa América (quatro jogos, três derrotas) põe em xeque o planejamento e exige respostas imediatas do técnico Luizinho Lopes, cuja equipe terá sequência fora de casa contra Paysandu e Remo.

É em jogos assim que a Série B revela mais do que tabelas ou estatísticas: mostra o caráter de quem sobe. O Coritiba, com elenco enxuto e sem astros, venceu mais do que um adversário — venceu o próprio enredo do jogo. Redimiu-se do pênalti cometido, superou a desvantagem numérica, administrou o relógio e selou o triunfo com frieza. Não é atuação para encantamento, mas é vitória de time que sabe o que quer. No futebol, como no sertão baiano, quem tem pressa come cru — e o Coxa, comendo pelas beiradas, começa a cheirar Série A.