Poatan transforma infância difícil em chance para novas gerações
Instituto ensina artes marciais com inglês obrigatório para jovens carentes
Com o mesmo espírito obstinado que o levou ao topo do UFC, Alex "Poatan" Pereira agora busca nocautear a falta de oportunidades em sua comunidade de origem. O ex-campeão mundial inaugurou, neste sábado (12), em São Bernardo do Campo, o Instituto Alex Poatan, projeto social voltado a crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos. No mesmo bairro Batistini onde cresceu, o paulista ergueu um espaço que oferece aulas gratuitas de artes marciais — mas com uma condição: quem quiser treinar, precisa também estudar inglês. A iniciativa, que já atende dezenas de jovens, começa suas atividades nesta segunda-feira (14), mirando mais do que medalhas — mirando dignidade.
A proposta do instituto vai além do tatame. Poatan aposta numa metodologia que une disciplina esportiva com ferramentas de mobilidade social. O ensino do inglês, tratado como ponto de honra, não segue os moldes escolares tradicionais: o foco é o uso prático, cotidiano, com vocabulário voltado à vida real e, para quem seguir na luta, ao mundo profissional. O gerente do projeto, Fernando Silva, resume bem a filosofia: "Aqui a gente não quer salvar ninguém. Queremos abrir caminhos." A estrutura é completa: salas de aula equipadas, espaço de lutas moderno e até uma copa — tudo erguido no mesmo prédio onde, anos atrás, o jovem Alex apenas observava aulas de capoeira, sem poder participar.
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Esse retorno às origens com gesto tão concreto carrega mais do que simbolismo: é um recado forte sobre como o esporte pode reescrever histórias. Em 2025, num Brasil ainda desigual, é raro ver atletas da elite mundial investindo diretamente na base da periferia que os formou. Poatan, sem discurso rebuscado, faz o essencial — oferece o que um dia lhe faltou. Se hoje ele brilha nos octógonos do planeta, é porque aprendeu a lutar fora deles primeiro. Sua fala, simples e certeira, resume o propósito: "Se eu tivesse tido isso aqui, minha caminhada teria sido diferente".
É bom que outras figuras do esporte observem. Em tempos em que marketing pessoal se confunde com filantropia, o exemplo de Poatan mostra que compromisso social também se faz com suor e presença. Se de cada esquina dura nascer uma Manuela — como a jovem campeã de kickboxing que brilhou na inauguração —, a Bahia, São Paulo e o Brasil inteiro só têm a ganhar. No Batistini, Poatan não está formando lutadores. Está formando cidadãos que sabem cair, levantar e falar mais de uma língua. Como se diz por aqui: quem já se virou no aperto, sabe bem o valor de abrir a porta certa.
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