Carille assume o Vitória e tenta evitar mais um naufrágio
Novo técnico encara urgência, desorganização tática e jejum ofensivo
O Vitória agiu rápido e trouxe Fábio Carille para o lugar de Thiago Carpini com um objetivo claro: evitar que o clube baiano mergulhe de vez na zona de rebaixamento do Brasileirão. Com apenas duas vitórias em 12 rodadas, o Rubro-Negro amarga o 18º lugar e vive um jejum incômodo de cinco jogos sem marcar sequer um gol. Neste sábado, a equipe já encara o Internacional, no Beira-Rio, num jogo que pode ser o ponto de partida — ou a pá de cal. A diretoria, pressionada por seguidos fracassos no Barradão e um calendário enxuto, decidiu mudar antes que o caldo entornasse de vez.
Carille chega com fama de disciplinador, mas com pouco tempo para arrumar a casa. O Vitória não tem mais competições paralelas e isso, paradoxalmente, pode ser a única vantagem. O técnico precisará lidar com um elenco em fase irregular, sem intertemporada e ainda digerindo eliminações traumáticas — Copa do Brasil, Nordestão e Sul-Americana, todas decididas em casa. A instabilidade defensiva, a dependência das bolas alçadas na área e a ausência de repertório ofensivo colocam o novo comandante numa missão que exige mais que prancheta: requer pulso firme e leitura de grupo.
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O desafio maior, no entanto, está na reorganização emocional e tática de um elenco montado a toque de caixa — 24 reforços em sete meses, mais dois a caminho, e nenhum com aval de Carille. Matheuzinho, antes motor da meia-cancha, virou uma peça burocrática. Kayzer parou de balançar as redes. Lucas Arcanjo alterna milagres e falhas grotescas. Em campo, o Vitória tem sido um time previsível, travado entre o medo de perder e a incapacidade de reagir. A torcida, que há tempos sente o cheiro da cachaça derramada, cobra não só resultados, mas postura.
A chegada de Carille, com todo seu histórico reativo e pragmático, talvez seja a última cartada racional de uma diretoria que ensaia mais um capítulo de sobrevivência — e não de reconstrução. O Barradão, onde outrora o Leão rugia alto, virou terra de tropeços. É preciso resgatar mais que desempenho: trata-se de devolver ao torcedor a sensação de que ainda há um norte. Se o Vitória quiser continuar na elite, terá que correr contra o tempo — e contra os próprios erros acumulados ao longo do ano. Porque, como se diz por aqui, "quem cochila em campo, leva rasteira até do vento".
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